Cerâmica: Arte ou artesanato



Nós estamos cercados de objetos feitos de cerâmica no nosso dia-a-dia. Esses objetos estão tão presentes na nossa vida, que às vezes nem damos conta de que certas coisas são cerâmica. Não prestamos atenção, e parece que o conceito do material pelo grande público parece estar se perdendo. 

A indústria dos objetos de consumo se utiliza da matéria-prima cerâmica de diversas formas, e nos devolve em forma de objetos úteis, como louças, porcelanas, telhas, vasos para plantas, azulejos, e até componentes de alta tecnologia. 

A cerâmica artística e decorativa também é confundida com certos objetos industriais, de gosto duvidoso, produzidos em larga escala e pintados com tintas comerciais em estampas banais e repetitivas.


A estética do artesanato está sendo distorcida, principalmente em grandes centros urbanos como São Paulo. Isso gera um grande preconceito em relação ao objeto artesanal. Vem junto o questionamento: artesanato é arte? Aliás, o que é realmente o artesanato, e qual o seu valor? Talvez esta pergunta venha de sociedades que já perderam o contato com a arte, que deveria ser tão arraigada no cotidiano e na vida. Sociedades nas quais a arte é imposta pela indústria cultural ao invés de ser produzida espontaneamente pelos indivíduos. 

Nesse contexto, o objeto artesanal, que na sua raiz é o objeto que quer ser belo e útil ao mesmo tempo, é substituído por formas estereotipadas, copiadas da indústria de massa, repetitivas e que preservam como reminiscências unicamente o fato de serem manufaturadas.

O fazer cerâmica, mesmo utilitária, propõe o resgate da identidade cultural e do desenvolvimento expressivo do indivíduo. A argila é um material dúctil, intuitivo, amigável e cheio de possibilidades de criação tridimensional. Em muitos casos, são necessárias apenas as mãos e alguma orientação técnica para se obter resultados plásticos relevantes. 

A pessoa que se dispõe a aprender cerâmica na prática experimentará o contato com a terra e com a sua própria ancestralidade, ao modelar o barro e operar nele a transformação em objeto cultural.

Texto: Luciana Chagas


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